Projetificar
A grande conversa que circula hoje nas redes sobre trabalho é como será, ou já está sendo, a volta: presencial, remota ou híbrida. Empresas que querem o modelo presencial de volta, outras que acreditam que o melhor é uma fase de transição, outras que estão tentando entender o que deu certo no modelo remoto e como estão se sentindo seus colaboradores e outras que assumiram que vão continuar remoto mesmo. De outro lado pessoas estão sofrendo por terem que voltar ao modo anterior e outras comemorando essa volta. Li em uma entrevista que mais de 30% dos profissionais que estão no mercado têm intenção de mudar de emprego se não tiverem autonomia para trabalhar em modelo híbrido ou remoto. Como em muitas áreas, a pandemia só acelerou o que já estava acontecendo em processo lento.
Tenho particular interesse neste tema e tenho ficado atenta a ele porque fui fundadora e gestora de um espaço de coworking em Brasília. E as formas e relações de trabalho são assunto que me tocam há muito tempo. Desde que entendi que uma das coisas que me incomodava em ser funcionária fixa e exclusiva em uma empresa é que o meu tempo pertencia à empresa, mesmo que eu pudesse resolver as tarefas e reuniões do dia em 4 horas, eu tinha que ficar as 8 horas do contrato de trabalho no ambiente da empresa. E como isso impacta a nossa vida, né!
Descobri que, como sou uma pessoa curiosa e que gosto de mudar de assunto com frequência, projetificar o meu trabalho dava muito mais certo comigo. Isso não aconteceu simplesmente virando a chavinha de fixo para projetos. Tive que mudar meu jeito de pensar, de me organizar e de gerir meu tempo. No começo foi difícil me permitir fazer outras coisas que não fossem trabalho no “horário comercial”. Mas aos poucos fui me entendendo melhor, conhecendo minhas capacidades e meus tempos de entrega e fui construindo a minha agenda conforme o meu tempo disponível para cada projeto.
Hoje consigo administrar e distribuir meu tempo conforme meus interesses e a minha vida pede.
E esse jeito novo passa também por entender que projetos têm começo, meio e fim e que qualquer trabalho pode ser encarado e executado desta maneira.
Uma campanha de comunicação é um projeto, o lançamento de um produto é um projeto, um planejamento de comunicação é um projeto, um bordado é um projeto, uma concorrência é um projeto, montar um curso online ou presencial é um projeto, a produção de uma temporada de podcast é um projeto e um casaco de tricot é um projeto.
E geralmente um projeto é feito uma corrida de bastão, em equipe e entendendo que meu trabalho depende do que vem antes de mim e o que vem depois depende da minha entrega, no prazo e conforme o combinado.
Essa conversa faz sentido pra você? Como você trabalha hoje? Já descobriu seu melhor jeito de trabalhar?
Entendo que não é fácil se colocar nesse dilema entre ser fixo ou não. E, na verdade, acredito que a conversa nem é por aí, porque existem muitas empresas que já organizaram seus times para trabalhar dessa forma. Equipes são montadas conforme o perfil e se engajam no lançamento de um produto, por exemplo. Depois que termina este projeto, elas iniciam um outro desafio, dentro da sua área de atuação, mas com uma equipe completamente diferente, que pode contar, inclusive, com colaboradores externos, que trazem nova visão, novas informações e estimulem a criatividade de cada membro dessa equipe.
E aí? Será que posso colaborar com o seu projeto?