O que você faz?

Trilha:
Funkorama by Kevin MacLeod
Link: https://incompetech.filmmusic.io/song/3788-funkorama
License: https://filmmusic.io/standard-license

As transformações nas profissões, muitas vezes, são difíceis de acompanhar. Há algum tempo atrás era fácil responder a pergunta “o que você faz?” com uma palavra. Sou advogada, publicitária, médica, engenheira, jornalista e por aí vai. Mas de repente ficou complicado responder a esta pergunta sem pelo menos 5 minutos de explicação (o que não garante que o interlocutor entenda).

Algumas profissões não existem mais e muitas outras apareceram. É normal se perder no meio de siglas em inglês e nomes esquisitos. UX, design de serviços, copywriter, dev … Na maioria das vezes, essas novas profissões estão ligadas ao mundo digital e, geralmente, são recriação ou adaptação do que já existia.

Eu atravesso esse oceano tentando entender essas mudanças e me identificando com esse ou aquele perfil. Descubro uma oportunidade diferente ao me conhecer melhor e aceitando que posso fazer muitas coisas diferentes do meu jeito. Arriscando, errando, acertando e mudando de rumo. Mas ter essa atitude diante da novidade só foi possível porque derrubei um muro gigante que existia entre mim e a criatividade. Só depois de entender que criatividade não é um talento de poucos, mas uma ferramenta que deve ser usada e exercitada todo o tempo, é que me permiti voar e conhecer outras possibilidades.

Como tenho muita facilidade em observar, entender e diagnosticar cenários, sou estrategista na área de comunicação. Trabalhei assim com a Terra Flor Aromaterapia do começo de 2020 até final de 2021. Primeiro em dupla com Mayra Fonseca construindo um planejamento estratégico e depois fazendo a gestão, junto com o cliente, da prática deste planejamento.

Já com a Ana da Capim Estrela fiz um trabalho de ajudar a organizar a comunicação e apresentar ferramentas para que ela pudesse incluir a comunicação na sua agenda diária de afazeres, como dona de uma marca pequena de joias naturais. A maioria das marcas autorais não consegue ter uma pessoas dedicada à comunicação, então é importante organizar e transformar essa tarefa no que é possível, mas que colabore efetivamente para o crescimento esperado.

Gostar de ouvir podcast foi bem fácil. Ter vontade de ter um programa me fez querer conhecer todo o processo de planejamento, produção e divulgação. E aprendi fazendo. Experimentei com o Ossobuco e fui aprendendo, estudando e fazendo desde então. Hoje posso dizer que sou uma criadora, produtora e apresentadora de podcasts e realmente tenho muito prazer em fazer isso.

Estou sempre aprendendo técnicas novas de bordar, tricotar e crochetar. Conhecer o Sashiko, um bordado japonês, me instigou a voltar às aulas de geometria e entender padrões que criam imagens belíssimas. Criei uma oficina para ensinar a história e o raciocínio por trás deste bordado. Porque eu acredito que melhor do que treinar apenas um padrão é entender como funciona e assim dar autonomia para que as pessoas possam fazer qualquer outro projeto desta técnica.

Na minha época de agência eu era responsável por coordenar os processos de construção de proposta para licitações. O governo lança um edital que contém o mapa do que eles precisam e querem que seja apresentado pelos concorrentes. Um projeto sob demanda. Eu gostava daquilo e hoje entendo que este processo era o que mais se aproximava do meu perfil. Trabalhar em projetos (começo, meio e fim), com pessoas (grupos integrados e diversos), por uma causa. Bem, a causa era vencer a concorrência e atender uma conta que manteria nossos empregos por mais alguns anos. Tá bem, isso não é uma causa. Mas digamos que seria uma boa motivação. Hoje entendo que era essa parte que me faltava: trabalhar para construir algo que possa contribuir para um mundo mais justo, com mais equidade e que aceite e celebre as diferenças.

Algumas pessoas me perguntam, mas Helô, o que você faz? Será que consegui responder?

Até a próxima.

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Alô? Tá me ouvindo?